CNA apresenta desafios e oportunidades para triticultura

Seminário reuniu especialistas para debater crescimento da produção
Brasília (11/06/2025) - A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na terça (10), do seminário “Triticultura: ciência e cooperação a serviço da agricultura”, promovido pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) e pela Embrapa.
Realizado em formato híbrido, o evento reuniu especialistas de diferentes segmentos da cadeia produtiva para debater avanços, gargalos e perspectivas para o fortalecimento da triticultura no Brasil.
O assessor técnico da CNA, Tiago Pereira integrou o “Do Sul à Savana Brasileira: expansão e adaptação da triticultura brasileira”, ao lado de Jorge Lemainski, chefe-geral da Embrapa Trigo, e Silvio Farnese, representante do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
O debate tratou da ampliação da produção para novas regiões, dos entraves enfrentados pelos produtores e da importância de políticas públicas estruturantes para o setor.
Durante sua participação, Pereira destacou os principais resultados do 1º Workshop Nacional do Trigo, promovido recentemente pela CNA, que reuniu lideranças do setor para construir uma agenda estratégica voltada à consolidação da cultura como vetor de desenvolvimento agrícola.
Ele também chamou a atenção para o cenário de preços abaixo dos valores estabelecidos pela Política Geral de Preços Mínimos (PGPM), o que vem desestimulando os produtores.
“Hoje, em Carazinho (RS), o preço médio do trigo está abaixo de R$ 70 por saca, enquanto o preço mínimo fixado é de R$ 78,51. Esse descomo entre custo e receita pode levar à retração da área cultivada, já estimada em -11,7% para a safra 2025, segundo a Conab”, alertou.
Outro ponto abordado foi o potencial do trigo de baixa qualidade para a produção de etanol de cereais. A instalação de novas usinas, como a que está em fase final de implantação no Rio Grande do Sul, abre uma nova alternativa de mercado para trigos fora do padrão industrial.
“Essa nova demanda pode ajudar a escoar o produto e trazer mais uma opção de comercialização para os produtores”, avaliou.
Para o chefe-geral da Embrapa Trigo, Jorge Lemainski, é preciso enxergar o trigo como um ativo estratégico para o país.
“O trigo precisa deixar de ser apenas uma aposta regional e ar a ser um bom negócio para o Brasil. Queremos produzir 20 milhões de toneladas até 2030, com qualidade, sustentabilidade e geração de renda para o produtor”, afirmou.
Gabriel Delgado, representante do IICA no Brasil, reforçou a importância da cooperação técnica internacional.
“A triticultura brasileira é um exemplo de como a ciência e a cooperação internacional podem gerar impactos concretos no campo”, pontuou.
O seminário também contou com painéis sobre evolução genética, desafios da indústria moageira e oportunidades de mercado internacional, com participação de representantes da Bioceres, Abitrigo, Abimapi, Conab, Embrapa e outras instituições do setor.